terça-feira, 29 de abril de 2014

Como Água para Chocolate

Laura Esquivel


Opinião:

Quando me perguntam se gosto de literatura latino-americana costumo responder sempre que não, que não é bem a minha onda e que não aprecio especialmente. Mas (verdade seja dita) já li romances de escritores latino-americanos muito, muito bons. Tal como já li outros muito fracos, incapazes de imprimir a mais leve marca na minha alma.

No entanto, há que reconhecer que, foram mais aqueles de que gostei do que aqueles de que não gostei. Por isso, posso concluir que afinal gosto bastante da escrita desenfreada e atribulada destes autores. Há toda uma velocidade e intensidade na escrita e no suceder de acontecimentos nos seus livros que me agrada e me faz mergulhar intensamente nas suas obras. Por isso, depois de ler mais esta obra, posso dizer que gosto imenso de literatura latino-americana.

Tita é a protagonista desta novela e é a mais nova de três irmãs, tendo por isso o seu destino traçado. Tita vive com as suas irmãs, a mãe numa fazenda no México, no início do século XX. Na sua família (para mal dos seus pecados) criou-se a tradição da filha mais nova não se casa e ficar a tratar da mãe até à sua morte. Tita vê, então, o seu destino fugir-lhe das mãos quando Pedro, o rapaz que ama, ao pedir a sua mão em casamento à Mama Elena se vê forçado a casar com Rosaura, a irmã mais velha, pois é a única forma de poder estar com a sua amada todos os dias.

Contudo, para Tita não é fácil gerir as emoções de viver na mesma casa que o homem que ama e de este estar casado com a sua irmã. Sobretudo, quando esta engravida. A única forma de escape que ela encontra para as suas emoções é a comida. Tita transforma os mais simples ingredientes em opíparos manjares, qual alquimista, transpondo para os alimentos aquilo que estava a sentir enquanto os cozinhava. É claro que este dom gera as mais diversas situações, algumas delas bastante caricatas.

Gostei imenso desta personagem, mas às vezes ficava danada por ela não se revoltar contra a tirania da Mama Elena. No entanto gostei daquele final “explosivo” e inesperado, que me deixou um gosto a chocolate na boca.


4 ****


Sinopse:

Neste romance surpreendente e admirável, que revelou ao leitor português uma grande escritora mexicana, toda a trama narrativa roda em torno da cozinha e de um certo número de elementos culinários. Cada capítulo abre com uma receita fora do comum (mas ao mesmo tempo perfeitamente realizável), a pretexto e em volta da qual não apenas se juntam os comensais, mas também se “cozem” e “temperam” amores e desamores, risos e prantos, e se celebra o triunfo da alegria e da vida sobre a tristeza e a morte. 
Enorme sucesso editorial, Como Água para Chocolate foi já traduzido em inúmeros países e adaptado ao cinema.

sábado, 19 de abril de 2014

De Malibu, com Amor

Elizabeth Adler


Opinião:

“De Malibu, com Amor” foi a minha leitura de férias, em Março. Como ia para um destino de praia, achei boa ideia fazer-me acompanhar de um livro que se passasse num ambiente, também ele, de areias douradas e mar azul.

Na realidade, este livro faz-nos viajar para vários sítios mundo. Quando damos por nós saltámos de Malibu para Cannes, depois para Roma, novamente para Malibu e de seguida uma pequena vila no México. Passamos o tempo todo nisto. Mas quem conhece os livros da Elizabeth Adler sabe que é o habitual. A autora escolhe sempre sítios agradáveis e bonitos para os seus enredos, para além de ser pródiga em descrições que nos transportam para os próprios locais. Sempre que leio um livro seu, a minha vontade de me meter num avião e rumar a um sítio novo aumenta exponencialmente.

De Malibu, com Amor é o primeiro livro de uma série em que as personagens principais são o detective privado Mac Reilly e a sua namorada (e ajudante) Sunny Alvarez. Esta dupla dá um colorido muito interessante à narrativa, pois estão constantemente às turras. Eles e os seus respectivos adorados cães (Pirate e Tesoro).

Neste 1º volume, Mac Reilly é chamado pela famosa actriz de cinema Allie Ray, bem como pelo seu marido (de quem se está a divorciar) o milionário Ron Perrin, que acham ambos que andam a ser seguidos. Às tantas parece a his´toria do gato e do rato? Quem anda a seguir quem e porquê? Os mistérios sucedem-se e as viagens também.

Afeiçoei-me inevitavelmente à Allie Ray e à sua tentativa de romper com uma vida de frivolidades. Foi uma personagem que convenceu, embora tenha de admitir que o seu final não me agradou de todo. Tanto empenho para nada…  

Em geral, gostei bastante desta dupla de investigadores e das suas aventuras. Um livro leve e fresco, ideal para ler numas férias à beira-mar ou numa espreguiçadeira junto à piscina.


4 ****


Sinopse:

Quando o detetive privado das estrelas de cinema, Mac Reilly, ouve o grito de uma mulher a sobrepor-se ao ruído das ondas a rebentar, a sua vida altera-se para sempre. Uma bela mulher perturbada envergando apenas um negligée preto de renda à porta de uma fabulosa casa de praia aponta-lhe uma arma. 
Mac escapa à bala, mas por pouco. Quem é aquela mulher? Dias depois já desapareceu e a Smith & Wesson com que quase o matou aparece no carro dele. 

Praticamente ao mesmo tempo, Allie Ray, estrela do grande ecrã e namoradinha da América, desaparece também. As duas mulheres estão relacionadas e Mac vê-se de repente envolvido numa teia de enganos. Vai precisar de ajuda para conseguir apurar toda a verdade. É aqui que entra em cena Sunny Alvarez. Sunny e Mac têm uma relação marcada por alguns arrufos. Ultimamente, muitos arrufos. Mas agora ele precisa dela mais do que nunca. 

Juntos iniciam uma perseguição que os levará da Califórnia do Sul até às praias do México, das ruas de Roma até às zonas rurais de França. Mantêm-se um passo atrás de um assassino esquivo e um passo à frente de uma atriz que só quer desaparecer...

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Gosto Proibido do Gengibre

Jamie Ford


Opinião:

Não é segredo para ninguém que gosto muito de livros ambientados na II Guerra Mundial. Como a minha mãe conhece bem os meus gostos, decidiu oferecer-me este precioso livro que, obviamente, não me deixou indiferente. Muito pelo contrário.

O Gosto Proibido do Gengibre conta-nos a história de Henry Lee, um rapaz nascido nos EUA, com ascendência chinesa, e da sua amizade com Keiko, uma rapariga de ascendência japonesa. Henry e Keiko frequentam a mesma escola e tornam-se amigos por se sentirem ambos discriminados, numa altura em que os EUA entram na II Guerra Mundial. Aí ambos desenvolvem uma amizade que vai para além das palavras. Uma amizade de tal forma profunda que os levam a conhecer os meandros da alma um do outro sem terem de sequer falar.

Quando os americanos começam a enclausurar os seus habitantes japoneses em campos de detenção, Henry e Keiko ficam desesperados por saberem que serão forçosamente afastados e que podem nunca mais se ver. Percebem, então, que aquilo que sentem um pelo outro não é apenas uma forte amizade.

A história é contada em analepse por Henry que, 40 anos depois, vai recordando o seu passado e a sua amiga Keiko, no dia em que passa em frente ao Hotel Panamá. Hotel esse que estava entaipado e onde foram escondidos os pertence de dezenas de famílias japonesas que foram levadas para os campos de detenção.

O livro lança-nos um novo olhar sobre a II Guerra Mundial, deixando-nos a pensar onde é que ficam os valores da Humanidade durante estes períodos. E, apesar de algumas nações gostarem de transmitir passar a imagem que aquilo que fizeram é lícito e que foi em prol da humanidade, a verdade é que também cometem autênticas atrocidades. Umas mais graves que outras, umas mais badaladas que outras, mas nem por isso desculpáveis ou menos graves.

O livro evidencia ainda a rigidez da cultura e costumes chineses que estão fortemente retratados na personalidade dos pais de Henry, com os quais não consegui criar qualquer tipo de empatia. Sobretudo com o pai. Já o Henry é uma personagem encantadora e muito humana. A aversão que algumas personagens provocam só evidencia a capacidade exímia do autor lhes dar consistência. A amizade entre Henry e Sheldon também é digna de nota.

O Gosto Proibido do Gengibre é um livro memorável e que nos deixa na boca um gostinho bom. Atrevam-se a prová-lo!

4 ****

Sinopse:

1986. Henry Lee, um americano de ascendência chinesa, junta-se a uma multidão que se encontra à porta do Hotel Panama, outrora o ponto de encontro da comunidade japonesa de Seattle. O hotel esteve entaipado durante décadas, mas a sua nova proprietária descobriu na cave poeirenta os pertences das famílias japonesas que, após o ataque a Pearl Harbor, foram enviadas para campos de internamento. Quando uma sombrinha de bambu é exibida, Henry recua quarenta anos e recorda Keiko, uma jovem de ascendência japonesa com quem criou um profundo laço de amizade e de amor inocente que ultrapassaram os preconceitos ancestrais que opunham as duas comunidades. Quando Keiko e a sua família são enviados para um campo, apenas resta aos dois jovens esperar que a guerra termine para que as promessas que fizeram um ao outro se possam finalmente cumprir.

Passados quarenta anos, Henry, agora viúvo, ainda tenta encontrar uma explicação para o vazio que o acompanhou desde então; para a atitude distante de um pai que nunca entendeu; para a relação difícil com o filho; e, sobretudo, uma explicação para as suas próprias escolhas.

O Gosto Proibido do Gengibre é um romance extraordinário, que nos revela uma das épocas mais conflituosas da História dos Estados Unidos.






terça-feira, 8 de abril de 2014

Uma Aposta Perversa

Emma Wildes


Opinião:

Já tinha ouvido falar muito desta autora, mas ainda não tinha lido nada dela. Decidi estrear-me com “Uma Aposta Perversa” porque a sinopse deixou-me curiosa quanto ao dilema da protagonista, escolher o melhor amante entre dois homens da sociedade londrina.

A história parecia-me suficientemente apimentada para gerar bons momentos de leitura. Foi com essa expectativa que me lancei nesta leitura que, afinal, deixou muito a desejar. Esperava uma história mais sumarenta e mais picante. Achei tudo um pouco desenxabido e, dada a desilusão, não fiquei com vontade de ler mais nada de Emma Wildes. Enfim, é menos uma autora em que gasto dinheiro (há que ver sempre o lado positivo da vida :)).

 2 **

Sinopse:

Não se fala noutra coisa na cidade. Num momento menos sóbrio, os dois mais famosos libertinos de Londres - o conde de Manderville e o duque de Rothay - fazem uma aposta muito publicitada para decidirem qual deles é o melhor amante. Mas que mulher que reúna beleza, inteligência e discernimento concordará em ir para a cama com ambos os homens e declarar qual deles é mais competente a satisfazer os seus desejos mais profundos?
Lady Caroline Wynn é a última mulher que alguém esperaria que se oferecesse. Uma viúva respeitável com uma reputação de gelo, Lady Caroline mantém-se firmemente fora do mercado de casamento. Pode não desejar outro marido, mas o seu breve casamento deixou-a com algumas perguntas escandalosas sobre o acto de fazer amor.
Se o conde e o duque concordarem em manter secreta a identidade dela, Ldy Wynn decidirá qual dos dois detém a maior mestria entre os lençóis. Mas, para surpresa de todos, o que começa como uma proposta indelicada transforma-se numa espantosa lição de amor eterno.