Katherine Neville


"O Oito"


Autor: Katherine Neville
Páginas: 632
Editor: Porto Editora

Opinião:


A leitura deste livro foi uma dupla estreia para mim. Por um lado, porque nunca tinha lido nada desta autora, por outro, porque fala de um jogo que não domino de todo: o xadrez.

Toda a narrativa se desenvolve à volta de um lendário tabuleiro de xadrez, que em tempos pertenceu a Carlos Magno, e que confere um poder inabalável a quem o possuir. Como é óbvio, as peças desse xadrez tornam-se muito apetecíveis e vão gerar animosidades entre as duas facções distintas: os que querem descobrir as peças para alcançar o poder e os que querem proteger as peças de caírem em mãos alheias.

Com o intuito de se tornar uma história mais envolvente (e acho que conseguiu!) a autora centra a narrativa em duas épocas distintas com personagens principais diferentes. Uma delas é protagonizada pelas noviças Mireille e Valentine, duas noviças que pertencem à abadia Montglane onde, reza a lenda, estariam escondidas as várias peças do xadrez de Carlos Magno. Alheias a esta lenda, as freiras sentem-se perdidas quando a abadessa lhes conta que as peças do xadrez se encontram efectivamente escondidas por toda a abadia e que todas elas terão de abandonar aquele local. A abadessa confia então uma missão a cada uma das suas freiras, que consiste em designar algumas freiras para enterrar as peças em locais por ela determinados, longe dos apetites vorazes por poder. O intuito da abadessa é espalhar as peças de xadrez pelos quatro cantos do mundo, tornando assim mais difícil a tarefa de reuni-las todas novamente. Esta parte da história desenrola-se no final do século XVIII, no período pós-Revolução Francesa.

Mas o presente entrelaça-se com o passado e esse entrelaçar é torna-se mais real por estes capítulos mais históricos serem contados de forma alternada com os momentos actuais. Assim sendo, a segunda época da história passa-se nos dias de hoje e centra-se na vida de Catherine Velis, uma reputada informática que recebe uma proposta de trabalho na Argélia. Adepta de desafios, Catherine resolve embarcar numa nova vida naquele país onde nada é o que parece e todos parecem ter um segredo a esconder. Antes de partir, pedem-lhe que se encontrem com um antiquário com o objectivo de reaver um artefacto (uma peça do famoso xadrez).

Contudo, as leis do mundo árabe são bem distintas das do mundo ocidental e o que parecia uma simples missão, torna-se numa questão de vida ou morte.

É claro que sendo um livro com mais de 600 páginas há partes mais enfadonhas e que nos custam mais a ler. Mas como cada capítulo alterna entre o passado e o presente, dei por mim ansiosa por acabar de ler aquele capítulo para saber o que iria acontecer no seguinte. Apesar de tudo, acho que a autora consegue manter o nosso interesse na história à medida que vai revelando os mistérios e nos mostra de que forma a vida destas duas personagens está entretecida.

Gostei da atitude da Catherine no final embora se perceba que deixa em aberto a porta para o livro seguinte “O Fogo”. Será mesmo possível proteger o xadrez?


Sinopse

Conta a lenda que os Mouros ofereceram a Carlos Magno um tabuleiro de xadrez que continha a chave para dominar o mundo.

Sul de França, 1790. No auge da Revolução Francesa, o lendário tabuleiro de xadrez de Carlos Magno, oculto há mais de um milénio nas profundezas da Abadia de Montglane, corre o risco de ser descoberto. As suas peças encerram um intricado enigma e quem o decifrar terá acesso a uma antiga fórmula alquímica que lhe concederá um poder ilimitado. Para mantê-las fora do alcance de mãos erradas, as noviças Mireille e Valentine deverão espalhá-las pelos quatro cantos do mundo. 
Dois séculos depois, Catherine Velis, uma jovem perita informática, é enviada para a Argélia com o objectivo de desenvolver um software para a OPEP. Nas vésperas da sua partida de Nova Iorque, um negociante de antiguidades faz-lhe uma proposta misteriosa: reunir as peças de um antigo xadrez. Cat vê-se assim envolvida na busca do lendário jogo de xadrez e torna-se numa das peças desta partida milenar, jogada ao longo dos séculos por reis e artistas, políticos e matemáticos, músicos e filósofos, libertinos e o próprio clero. Quem está de que lado? De quem será o próximo lance?

Passado e presente entrecruzam-se magistralmente neste thriller excepcional de uma autora de culto em todo o mundo, considerada a grande precursora dos romances de Dan Brown.


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